sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Dirigente dos cornos de Rondônia busca vaga de vereador e tem até o projeto "habitacorno"

Não fale em fidelidade partidária com ele. Pedro Soares é corno. “De traição eu entendo. Então, não sei se vou ficar no partido se for eleito”, dispara o candidato a vereador em Porto Velho que já na campanha está desgostoso com sua legenda, o PDT. Na verdade, ele queria mesmo ser postulante à prefeitura.


A série UOL pelo Brasil, reportagens sobre as eleições municipais em todos os Estados do país, foi até a capital de Rondônia conferir mais esse capítulo do folclore político nacional.

Candidatos doidivanas, nomes bizarros e slogans abilolados existem às centenas. Mas muitos se candidatam sem uma proposta. Soares tem uma: o plano “habitacorno”. Ele explica: “O corno pega chifre e não tem onde morar. O Ricardão fica no lugar dele, e o corno fica na rua da amargura. Então, vamos criar o habitacorno, que será um albergue para os galhudos, com psicólogos ou advogados para auxiliá-los.”

Ajudante-geral da Câmara Municipal de Porto Velho há 19 anos, Soares nunca pensou em ocupar uma das cadeiras de lá nem qualquer cargo político até uma pesquisa de opinião no início de 2012. Uma enquete do site Rondoniaovivo perguntou quem o internauta queria como mandatário. O presidente dos cornos venceu com 71%, batendo de longe potenciais candidatos como secretários municipais, deputados estaduais e ex-prefeitos.

“A pesquisa foi para mostrar a mesmice e a falta de clima político em Porto Velho. Mas o Pedro se empolgou e entrou na campanha. Acho difícil que ele se eleja, afinal, uma coisa é votar na internet, outra é na urna”, afirmou Paulo Andreoli, editor do site. Se os eleitores são tão infiéis quanto as mulheres, Soares só vai descobri na apuração.

Ninguém, porém, pode acusar que ele está querendo bagunçar a política local, afinal, Porto Velho, assim como Rondônia, tem um histórico de falta de planejamento, atropelos e improvisos. Um exemplo: a cidade à beira do caudaloso rio Madeira enfrenta racionamento de água. Outro é a vizinha hidrelétrica de Santo Antônio, que trouxe migrantes, carros, trânsito, inflação e especulação imobiliária à capital que não se preparou para isso.
A usina em construção gerou contrassensos, alugueis extorsivos em ruas com esgoto a céu aberto e terrenos baldios. Isso em pleno centro. A estação da antiga ferrovia Madeira-Mamoré é o principal ponto turístico de Porto Velho, mas um igarapé poluído corre ao lado dos trilhos. Apesar de estar na Amazônia, a cidade é pouco arborizada e faz lembrar o lema “o sol nasceu para todos, mas a sombra para poucos”.

“O transporte público aqui é muito caro [está entre os dez mais altos do país], e as ruas estão todas esburacadas. Isso quando tem asfalto, porque em geral as ruas são de terra, e é aquela poeira o dia todo”, desfila as queixas o candidato a vereador.

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